Sentença saiu por volta das 19h30 desta quarta-feira
Do R7
O vigia Evandro Bezerra foi condenado a 18 anos e oito meses de prisão,
pela morte da advogada Mércia Nakashima, em 2010. A sentença foi lida
por volta das 19h30 desta quarta-feira (41), pela juíza Maria Gabriela
Toneira, no Fórum Criminal de Guarulhos. Ele era acusado de ser o
comparsa de Mizael Bispo, ex-namorado da vítima, condenado em março pelo
assassinato.
O júri começou na segunda-feira (29). Nesta quarta-feira, também
ocorreram os debates entre acusação e defesa. Após isso, os sete jurados
se reuniram e decidiram pela condenação do vigia, que está preso desde
junho de 2012.
Bezerra foi condenado por homicídio duplamente qualificado — meio cruel
e recurso que dificultou a defesa da vítima. A juíza também determinou
que Evandro permaneça na cadeia. Ela ainda acrescentou um pedido de
análise do perfil do vigia quando houver a progressão da pena dele.
Caso Mércia: defesa quer afastar relação de amizade entre vigia e Mizael
Segundo dia
O segundo dia de julgamento terminou por volta das 20h20 desta
terça-feira (30), com o encerramento do interrogatório do réu, que durou
cerca de duas horas. Sete testemunhas foram ouvidas: uma de acusação,
quatro de defesa e duas do juízo. Márcio Nakashima, irmão da vítima, foi
um dos que prestaram depoimento. Ele respondeu a perguntas da juíza e
da defesa do vigia. A pedido de Márcio, o réu foi retirado do plenário.
De acordo com o Ministério Público, Evandro Bezerra nega envolvimento
na morte de Mércia e sustenta que apenas buscou o policial reformado
Mizael Bispo na represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no
dia do assassinato da advogada. Foi neste local que bombeiros
encontraram o carro e, um dia depois, o corpo de Mércia. A promotoria
tentou mostrar aos jurados
que o vigia “tinha ciência prévia do que iria acontecer”.
Em março deste ano, Mizael, que era ex-namorado da vítima,
foi condenado a 20 anos de prisão pelo crime.
Primeiro dia
Durante quase dez horas, o primeiro dia do júri teve depoimentos,
perguntas e discussões. A defesa, que prometia uma bomba capaz de mudar o
rumo do julgamento, colocou em dúvida a data da morte de Mércia
Nakashima, detalhe que poderia até livrar Evandro Bezerra da Silva das
acusações.
Um homem diz ter visto Mizael Bispo e Mércia juntos em 26 de maio de
2010, três dias depois da data em que as investigações apontam que ela
foi morta. Mas essa testemunha crucial não apareceu e a defesa tentou
adiar os trabalhos. O impasse resultou em quase duas horas de atraso
para o início do júri.
Um dos depoimentos foi de um engenheiro de telecomunicações. Eduardo
Amato Tolezani explicou como funcionam as antenas de telefonia celular
que captaram as ligações entre Evandro e Mizael no dia do assassinato. O
técnico falou que esses registros podem ter erros. A informação foi
usada pela defesa para tentar enfraquecer a acusação.
Um advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que acompanhou o
interrogatório de Evandro, também depôs e falou que não houve violência
contra o réu. O vigia alega que confessou ter participado do assassinato
após sofrer tortura.
A sessão terminou com desentendimentos entre advogados e o delegado que
investigou o assassinato. A defesa questionou Antônio de Olim sobre
informações e testemunhas que não foram apuradas e que poderiam ter dado
outro rumo para o inquérito.
A juíza chegou a chamar a atenção do delegado, que foi irônico em
alguns comentários. Enquanto isso, Evandro não esboçou reação. Apenas
escutou os depoimentos. Ele nega ter participado do crime.
Os parentes de Mércia acompanharam o julgamento. A mãe dela, Janete
Nakashima, diz temer que Evandro receba uma pena ainda menor que a de
Mizael.
— Vinte anos é ridículo pra quem vai daqui quatro, cinco, seis anos, não sei, ele pode estar na rua e fazendo tudo novamente.