Jurados entenderam que vigia (à direita) ajudou Mizael a cometer o crime
Montagem/Reprodução/Rede Record/Rodrigo Coca/Fotoarena/AE
O júri começou na segunda-feira (29). Nesta quarta-feira, também ocorreram os debates entre acusação e defesa. Após isso, os sete jurados se reuniram e decidiram pela condenação do vigia, que está preso desde junho de 2012.
Bezerra foi condenado por homicídio duplamente qualificado — meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. A juíza também determinou que Evandro permaneça na cadeia. Ela ainda acrescentou um pedido de análise do perfil do vigia quando houver a progressão da pena dele.
Caso Mércia: defesa quer afastar relação de amizade entre vigia e Mizael
Segundo dia
O segundo dia de julgamento terminou por volta das 20h20 desta terça-feira (30), com o encerramento do interrogatório do réu, que durou cerca de duas horas. Sete testemunhas foram ouvidas: uma de acusação, quatro de defesa e duas do juízo. Márcio Nakashima, irmão da vítima, foi um dos que prestaram depoimento. Ele respondeu a perguntas da juíza e da defesa do vigia. A pedido de Márcio, o réu foi retirado do plenário.
De acordo com o Ministério Público, Evandro Bezerra nega envolvimento na morte de Mércia e sustenta que apenas buscou o policial reformado Mizael Bispo na represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no dia do assassinato da advogada. Foi neste local que bombeiros encontraram o carro e, um dia depois, o corpo de Mércia. A promotoria tentou mostrar aos jurados que o vigia “tinha ciência prévia do que iria acontecer”.
Em março deste ano, Mizael, que era ex-namorado da vítima, foi condenado a 20 anos de prisão pelo crime.
Primeiro dia
Durante quase dez horas, o primeiro dia do júri teve depoimentos, perguntas e discussões. A defesa, que prometia uma bomba capaz de mudar o rumo do julgamento, colocou em dúvida a data da morte de Mércia Nakashima, detalhe que poderia até livrar Evandro Bezerra da Silva das acusações.
Um homem diz ter visto Mizael Bispo e Mércia juntos em 26 de maio de 2010, três dias depois da data em que as investigações apontam que ela foi morta. Mas essa testemunha crucial não apareceu e a defesa tentou adiar os trabalhos. O impasse resultou em quase duas horas de atraso para o início do júri.
Um dos depoimentos foi de um engenheiro de telecomunicações. Eduardo Amato Tolezani explicou como funcionam as antenas de telefonia celular que captaram as ligações entre Evandro e Mizael no dia do assassinato. O técnico falou que esses registros podem ter erros. A informação foi usada pela defesa para tentar enfraquecer a acusação.
Um advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que acompanhou o interrogatório de Evandro, também depôs e falou que não houve violência contra o réu. O vigia alega que confessou ter participado do assassinato após sofrer tortura.
A sessão terminou com desentendimentos entre advogados e o delegado que investigou o assassinato. A defesa questionou Antônio de Olim sobre informações e testemunhas que não foram apuradas e que poderiam ter dado outro rumo para o inquérito.
A juíza chegou a chamar a atenção do delegado, que foi irônico em alguns comentários. Enquanto isso, Evandro não esboçou reação. Apenas escutou os depoimentos. Ele nega ter participado do crime.
Os parentes de Mércia acompanharam o julgamento. A mãe dela, Janete Nakashima, diz temer que Evandro receba uma pena ainda menor que a de Mizael.
— Vinte anos é ridículo pra quem vai daqui quatro, cinco, seis anos, não sei, ele pode estar na rua e fazendo tudo novamente.
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